
No cenário atual, a computação em nuvem deixou de ser uma tendência para se tornar o padrão operacional. No entanto, números recentes revelam um paradoxo preocupante: embora a adoção seja massiva em volume, a maturidade real — aquela que gera vantagem competitiva e eficiência de custos — ainda enfrenta obstáculos significativos.
Um estudo recente e abrangente aponta que 77% das empresas brasileiras já utilizam algum tipo de solução em nuvem. Esse dado confirma que a barreira de entrada técnica e cultural foi superada. Contudo, estar na nuvem não é sinônimo de ser eficiente.
Para gestores de TI, CIOs e CFOs, o desafio agora mudou. A questão estratégica não é mais se devemos migrar, mas como otimizar, governar e extrair valor dessa infraestrutura que se tornou complexa e cara. Com o mercado de cloud e infraestrutura estimando um crescimento de 39% em 2025, entender onde estão os gargalos de maturidade é vital para não transformar o investimento em um centro de custo descontrolado.
Do lift and shift à modernização
Apesar do número expressivo de 77% de adoção geral, é crucial analisar a profundidade e a qualidade desse uso. O mesmo estudo revela nuances importantes: 61% das empresas afirmam estar em um estágio de uso pleno da nuvem, enquanto 16% ainda estão em fase inicial de implementação.
Isso mostra que, para a maioria das organizações, a nuvem já é o motor principal. No entanto, o termo "uso pleno" muitas vezes mascara ineficiências operacionais graves. Muitas dessas empresas realizaram sua migração anos atrás no modelo "lift and shift", ou seja, apenas moveram seus servidores virtuais do data center local para a nuvem pública sem refatorar as aplicações.
O resultado é que elas estão na nuvem, mas continuam pagando por recursos como se estivessem on-premise, sem aproveitar a elasticidade, o auto-scaling e os microsserviços que realmente trazem economia e agilidade. A fase inicial dos 16% restantes também não é apenas atraso tecnológico. Muitas vezes, isso é reflexo de setores altamente regulados ou com legados de mainframe complexos que exigem estratégias de migração mais cautelosas.
O paradoxo da maturidade
Existe uma discrepância perigosa entre a autopercepção de maturidade dos líderes de TI e a realidade operacional do cotidiano.
Muitos gestores acreditam que sua operação de cloud é madura apenas porque seus sistemas críticos estão rodando fora do data center local e o uptime está estável. Porém, a verdadeira maturidade envolve camadas muito mais sofisticadas de gestão:
Automação (IaC): O uso de Infraestrutura como Código para evitar erros manuais de configuração e garantir que ambientes de teste, homologação e produção sejam idênticos.
FinOps: Controle granular de custos em tempo real, onde cada time de desenvolvimento sabe exatamente quanto seu código custa em infraestrutura.
Segurança nativa (DevSecOps): Proteção integrada ao pipeline de desenvolvimento, e não apenas um firewall na borda.
O renascimento da cloud privada e a estratégia híbrida
Um dos dados mais interessantes do panorama atual é a resiliência e a preferência renovada pela nuvem privada. Contrariando as previsões de que tudo iria para a nuvem pública, o mercado brasileiro está amadurecendo para o modelo híbrido e multicloud.
Muitas empresas nacionais, especialmente em setores como finanças, saúde e governo, optam por manter workloads críticos em ambientes privados. Os motivos vão além da segurança:
Previsibilidade de custos: Em tempos de variação cambial e custos de egresso de dados nas nuvens públicas, a nuvem privada oferece uma fatura previsível.
Latência e performance: Para aplicações industriais ou de transações em tempo real, a proximidade física do processamento ainda supera a nuvem pública.
Soberania de dados: Com a LGPD e regulações setoriais cada vez mais rígidas, saber exatamente onde o dado reside fisicamente tornou-se um requisito de compliance.
O fator IA
Outro vetor que está transformando a maturidade da nuvem é a Inteligência Artificial. Não existe estratégia de IA sem uma estratégia de nuvem robusta. O processamento massivo de dados para treinar modelos ou rodar inferências de IA Generativa exige uma infraestrutura flexível que apenas a nuvem pode oferecer.
Empresas que ainda estão lutando com a migração básica encontrarão dificuldades para adotar IA, pois seus dados estarão presos em silos inacessíveis. A nuvem é o alicerce onde a inovação de dados acontece, e a modernização da infraestrutura é o pré-requisito para qualquer iniciativa de data driven.
Os 3 principais gargalos que travam a evolução
Se 77% das empresas já estão lá, o que impede os outros 23% ou freia a evolução dos que já migraram para o próximo nível? Especialistas de mercado apontam três gargalos principais que drenam a eficiência:
O choque de custo e a falta de FinOps
A promessa inicial de pagar apenas pelo que usa muitas vezes se transforma no pesadelo de pagar por recursos esquecidos ligados 24/7. A falta de práticas de FinOps é o maior problema de budget de TI atualmente. Instâncias superdimensionadas, armazenamento órfão e falta de tagging correto dos recursos impedem que a empresa saiba quem está gastando o quê.
Segurança e conformidade na era multicloud
Com a sofisticação dos ataques cibernéticos (como ransomware e ataques a APIs), garantir a segurança é desafiador. A responsabilidade compartilhada é muitas vezes mal compreendida: o provedor protege a nuvem, mas a empresa deve proteger o que está na nuvem. Essa brecha de configuração é onde a maioria dos vazamentos ocorre.
Escassez crônica de talentos
Encontrar arquitetos de nuvem, engenheiros de dados e especialistas em kubernetes qualificados no Brasil é uma tarefa difícil e cara. A alta rotatividade desses profissionais atrasa projetos de modernização e refatoração, forçando as empresas a manterem legados ineficientes por falta de braço técnico para modernizá-los.
Recomendações estratégicas para 2026
Para os líderes que buscam evoluir sua jornada de cloud no Brasil e superar esses gargalos, o foco para o próximo ciclo estratégico deve ser:
Auditoria de maturidade real: Não confie na percepção ou no painel da nuvem. Realize um assessment técnico independente para identificar ineficiências ocultas, recursos zumbis e riscos de segurança.
Institucionalize o FinOps: FinOps não é um projeto, é uma cultura. Implemente ferramentas de observabilidade financeira e responsabilize os times de engenharia pelos custos de seus códigos.
Modernização, não apenas migração: Pare de mover legado para a nuvem. Comece a planejar a refatoração de aplicações críticas para se tornarem cloud-native, aproveitando contêineres e arquiteturas serverless.
Considere a repatriação estratégica: Avalie se certos workloads estáveis e previsíveis não seriam mais baratos e performáticos em uma nuvem privada moderna ou em colocation, saindo do custo variável da nuvem pública.
Elevando sua maturidade de nuvem com a Tecnocomp
O panorama da cloud no Brasil mostra um mercado aquecido, mas que exige urgentemente profissionalização e governança. Navegar por essa complexidade não é uma tarefa para ser feita sozinha.
A Tecnocomp atua como a parceira estratégica que faltava na sua jornada. Nossas soluções de cloud e nossos serviços gerenciados são desenhados para preencher os gaps de maturidade da sua operação.
Sua empresa está nos 77%, mas sente que a conta da nuvem não fecha com a entrega de valor? Fale conosco e vamos fazer um diagnóstico da sua maturidade cloud.